domingo, 8 de novembro de 2009

Meu novo hobby

     O Frodo Bolseiro que se dane! Meu novo hobby é a jardinagem. O quê? O Frodo é um Hobbit? Mas isso não vem ao caso, não nos prendamos a pequenos detalhes.
     Mas, eu dizia, meu novo hobby é maravilhoso! Não há nada como se concentrar num trabalho manual, e somente ter que pensar no que está fazendo, por alguns instantes.  E a jardinagem, sem que você deixe de pensar nela, ensina uma porção de coisas.
     Aprendi, por exemplo, que os nossos arbustos preferidos são como as nossas amizades. Nós precisamos alimentá-los, cuidar com carinho, dar água, luz, e às vezes até sombra. Tudo para que possam crescer e ficar belos como desejamos. Vi que um jardim é como a nossa vida, pois o cuidado deve ser constante, nunca acaba. E negligenciar deixa tudo feio e com cara de desleixo, como nós ficamos se não cuidamos de nós mesmos com constância, seja na aparência, seja nos estudos, seja nos negócios.
     Aprendi que cuidar das plantas é como viver, e como amar. Todos falam que quem planta o bem colhe o bem; todos dizem, também, que quem planta o mal colhe o mal. O que esquecem de nos ensinar é que é preciso paciência, e que não adianta plantar o bem hoje, se você não cuida que ele seja um bem permanente. No jardim, é assim. Se você planta hoje, demora a nascer, e se você não tiver paciência para esperar e cuidar, não brota mais. É como recuperar a confiança de quem se decepciona conosco.
     No jardim, como no mundo dos negócios, precisamos podar, aparar as arestas, também para embelezar, mas, principalmente, para otimizar o crescimento da planta. Ou você pensa que é só chegar com tesoura na mão e sair cortando tudo? Não. É preciso, sobretudo quando a planta ainda é nova, apenas direcionar o crescimento, e deixar para embelezá-la apenas quando já estiver maior, mais volumosa e mais robusta. Já pensou que negócio é capaz de crescer e pular etapas, cheio de investimentos, mas se endividando? Ou, no necessário corte de gastos, o que aconteceria se fosse cortado o gasto que, na verdade, é um investimento? Se você cortar corretamente a raiz, controla o crescimento, e cria um bonsai. Se corta demais, ele não somente para de crescer, mas morre. Não corte o caule. A grande chance é de perder a planta para sempre. Se quer que cresça em outra direção, corte aquelas pontinhas, de onde brotam ou por onde crescem os galhos. É preciso, mais uma vez, calma, paciência precisão, e por vezes, planejamento, para fazê-los crescer.
     Pretendo aprender, no futuro, a lidar com as delicadas flores. Creio que poderei entender o amor. Vejo nas flores a delicadeza e a fecundidade que se pode atribuir ao verdadeiro amor. E no cuidado que lhes devemos dispensar, enxergo aquele que se deve dar à pessoa amada.
     Mas há muito mais na jardinagem. No momento, para mim, tem tido a vantagem de não me acrescentar quase nenhum custo, o que se diferencia de quase tudo o que desejo fazer. E me permite estar próximo à minha filha, quando ela está brincando e se divertindo no jardim. Gosto que ela cresça cercada de verde. Faz bem para o corpo e para a alma. De quando em quando ela já se interessa por me ajudar, mas espero que tenha mais idade para compartilharmos este prazer. Seria soberbo fazê-lo!
     De resto, há benefícios que me parecem inexprimíveis. Se você precisa relaxar e aprender muito sobre a vida, eu recomendo que ache um espaço de seu tempo para um jardim. Pode ser o seu, ou você pode adotar alguma pequena pracinha, em parceria com a prefeitura. Ou ter uns dois ou três vasos, desde que dedique a eles não menos que meia hora, todos os dias. Garanto que será bastante gratificante. Muito do que digo, e mais ainda do que não digo, você só vai entender quando experimentar, continuamente, por um bom tempo.
     Agora dêem-me licença, pois a grama já está um pouco alta.


Pablo de Araújo Gomes, domingo, 8 de novembro de 2009